Chuvas irregulares e altas temperaturas impactam cultivos
A primeira quinzena de dezembro foi marcada por chuvas irregulares e altas temperaturas que impactaram o progresso da semeadura e o desenvolvimento dos cultivos da primeira safra nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
É o que mostra o Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA) referente a esse período, divulgado nesta quinta-feira (21) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O estudo apresenta a análise das condições agroclimáticas e de imagens de satélite dos cultivos de verão da safra 2023/2024.
A presença de áreas com teores baixos, médios e elevados de umidade do solo resultou em condições distintas, que se apresentaram suficientes ou restritivas, dependendo da região, para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos da primeira safra.
Entre as regiões analisadas, durante esse período, as maiores restrições foram observadas no Matopiba, Mato Grosso e em parte de Goiás e Minas Gerais.
Na região Sul, houve um grande volume de chuvas, principalmente no Oeste do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, bem como no Sudoeste do Paraná. É notável que os impactos decorrentes do excesso de chuvas afetaram principalmente a semeadura e o início do desenvolvimento dos cultivos da primeira safra.
Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Matopiba, a análise do Índice de Vegetação (IV) indicou impactos nos cultivos da primeira safra devido à irregularidade e má distribuição de chuvas, associadas às altas temperaturas ou ao excesso de chuvas.
As melhores condições foram observadas no Oeste e Norte do Paraná, no Sudoeste de Mato Grosso do Sul e em parte do Sul Goiano.
Publicado mensalmente, o BMA é resultado da colaboração entre a Conab, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam), além de agentes colaboradores que contribuem com dados coletados em campo. O Boletim está disponível na íntegra no site da Conab.
Rádio Eldorado FM
Clima Adverso Reduz Produção De Cevada No Brasil Enquanto Consumo De Cerveja É Impulsionado Pelas Altas Temperaturas
Produção nacional de cevada deve fechar o ano com queda de 17,3%. Chegada do verão e festas de fim de ano alavancam o consumo de cerveja. Previsão para a próxima safra, em 2024, é mais otimista.
A produção de cevada, matéria-prima essencial para a indústria cervejeira no Brasil, enfrentou um desafio considerável em 2023. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportou uma previsão de queda expressiva de 17,3% na produção nacional deste ano. Paraná e o Rio Grande do Sul lideram a produção cevadeira no país, seguidos por São Paulo.
De acordo com análises da Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios, o Paraná, responsável por quase 70% da produção brasileira de cevada, sofreu com o inverno chuvoso, que afetou significativamente a safra. O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor nacional, também enfrentou desafios climáticos similares, com excesso de chuva na época da colheita, contribuindo para a queda na produção.
Essa conjuntura deve impor desafios aos fabricantes de bebidas. “A indústria cervejeira se vê diante de um cenário desafiador, pois a redução na produção de cevada impacta a oferta e os custos de produção. Estratégias de adaptação e inovação tornam-se essenciais para garantir a oferta, além de manter a competitividade no mercado”, afirma Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus.
Ao mesmo tempo em que a fabricação de cerveja se tornou mais complexa, o aumento das temperaturas globais está interferindo diretamente nos hábitos de consumo. As pessoas buscam bebidas que proporcionem refrescância e, nesse cenário, a cerveja ganha destaque.
Estimativas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indicam que as altas temperaturas registradas impulsionaram o consumo de bebidas, especialmente cerveja, em até 40%. “A chegada do verão e as festas de fim de ano podem alavancar ainda mais o consumo de cerveja. O impacto do clima e das datas comemorativas no comportamento do consumidor é bastante conhecido, por isso as consultorias meteorológicas vêm ganhando importância estratégica no planejamento de compras de insumos, estoques e ações de marketing do varejo”, destaca Nascimento.
O clima adverso em áreas-chave de cultivo tem reduzido a colheita e a qualidade do grão, enquanto paralelamente, o aumento das temperaturas tem impulsionado o consumo de cerveja, evidenciando um contraste entre a produção e a demanda pela bebida. Os eventos climáticos podem influenciar desde a matéria-prima disponível até os custos de produção, uma vez que a escassez de insumo pode gerar um aumento nos preços e, consequentemente, impactar os consumidores finais.
Para a próxima safra, entretanto, a expectativa é mais otimista. “Com a previsão de fim do El Niño no primeiro trimestre de 2024, podemos ter condições climáticas mais favoráveis para o cultivo da cevada no próximo ano”, antecipa o meteorologista.
No cenário de mudanças de clima cada vez mais recorrentes, a previsão meteorológica tem se mostrado uma alternativa estratégica para diminuir o impacto climático nos setores produtivos.
“A busca por alternativas e o planejamento para lidar com as flutuações climáticas são essenciais para garantir a continuidade e a qualidade da produção no país, por isso as consultorias meteorológicas vêm ganhando importância estratégica nas empresas”, destaca o sócio-diretor da Nottus.
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