A taxa básica de juros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, ao influenciar o nível de todas as demais taxas praticadas no mercado.
A queda gradativa na taxa de juros sinaliza, para o mercado e para os bancos, que o ambiente de negócios está mais estável, o que possibilita pensar em empréstimos de prazos mais longo a níveis de juros menores.
O impacto, de imediato, para a economia é muito pequeno, e uma das explicações é que as taxas de juros praticadas no mercado são compostas por cinco grupos de custos para os Bancos:
- 1º A Selic, que determina quanto o dinheiro custa para o BANCO;
- 2º A chamada Cunha FISCAL, que são impostos compulsórios embutidos nas taxas de juros;
- 3º As Despesas Administrativas, que são os custos dos bancos com processos, agências, funcionários, entre outros;
- 4º O Risco da Inadimplência, que é a parcela dos empréstimos que o banco espera não receber de volta e,
- 5º A Margem Líquida do BANCO, que é o lucro da instituição com a operação.
EFEITO DA REDUÇÃO DA SELIC NO CRÉDITO:
Taxas Anual de Juros de mercado para pessoas físicas, em %
- Linha de crédito – (Segmento) | Com Selic 13,75% | Com Selic 13,25% |
1 – Comércio | 92,5 | 91,5 |
2 – Cartão de crédito | 427,3 | 425,1 |
3 – Cheque especial | 156,9 | 155,8 |
4 – CDC Bancos - Veículos | 29.1 | 28,5 |
5 – Empréstimo Pessoal - Bancos | 62,5 | 61,8 |
6 – Emprést. Pessoal - Financeira | 133,2 | 132,1 |
→Taxa Média | 126,2 | 125,2 |
Fonte: Estimativa da ANEFAC – a partir de dados do Banco Central
O simples fato de que o Banco Central do Brasil baixou a Selic não significa, necessariamente, que as taxas de juros vão cair de imediato. O risco de crédito é um dos fatores que deve segurar a queda dos juros de mercado, neste momento, dado ao ajuste que ocorre pelos agentes econômicos do país, tanto do lado das famílias quanto das empresas. O elevado endividamento das famílias, e a consequente inadimplência, traz uma percepção de alto risco para oferta de crédito. Para minimizar os efeitos nefastos da inadimplência das famílias (pessoa física), o governo federal criou o Programa DESENROLA, para facilitar as negociações de dívidas em patamares de juros menores, propiciando assim as condições para as famílias retornarem ao consumo, via crédito. Por outro lado, o crédito corporativo das empresas também passa por um ajuste, com a entrada em recuperação judicial de grandes empresas como: Lojas Americanas, Grupo Petrópolis e Oi (empresas de telecomunicações) e tantas outras, o que impacta no volume de provisões para inadimplência com reflexos nas taxas de juros e na oferta de crédito. Com os ajustes na economia em andamento, os Bancos acabam ficando mais cautelosos na oferta de crédito.
Eco. Nilvan Domingos Barbosa
Consultor Econômico