DOUGLAS GAVRAS / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os técnicos do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) contam com a volta no fim de setembro das chuvas ao centro-sul do país, onde a estiagem neste ano colocou em alerta os reservatórios de usinas hidrelétricas.
Já entraram no radar, no entanto, os possíveis efeitos do fenômeno climático La Niña, a partir de outubro, que poderiam reduzir o volume de chuvas de 10% a 30% na região.
O fenômeno causa uma alteração periódica na temperatura das águas do oceano Pacífico, o que tende a reduzir as chuvas no centro-sul do Brasil, agravando a seca na bacia do rio Paraná.
O temor é isso ocorrer novamente logo no início do período chuvoso deste ano, o que prejudicaria ainda mais a recuperação da capacidade dos reservatórios da região.
De acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), os reservatórios das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estão operando em patamares críticos há meses, e a crise do sistema elétrico nacional preocupa analistas.
Dados do Inmet mostram que os estados de São Paulo e Paraná tiveram chuvas abaixo da média desde janeiro. Durante todos os meses deste ano até julho, a maioria dos estados teve um volume menor de chuvas do que no mesmo período do ano passado.
O Brasil pode entrar em um quadro de estagflação (estagnação econômica com inflação), caso as chuvas não voltem no quarto trimestre, segundo Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da RPS Capital.
Para ele, houve uma mudança de postura por parte do governo, que agora reconhece que a situação do setor elétrico é dramática. “O que preocupa é, além do quadro hídrico, o futuro aumento da bandeira tarifária mais cara por parte da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)”, diz.
Segundo Barros, para não desorganizar o setor elétrico e ampliar o déficit no custeio das térmicas, o novo valor da bandeira será importante para definir o impacto do preço da energia também na inflação do próximo ano.