A vacina feita pelo Instituto Butantan em conjunto com a farmacêutica chinesa Sinovac, pode apresentar uma vantagem importante contra as variantes da África do Sul (batizada de 501.V2) e de Manaus (P.1), que possuem a mutação E484K, capaz de driblar a ação de anticorpos do sistema imune.
Pesquisas preliminares acenderam um sinal de alerta para a eficácia das vacinas contra essas novas formas do coronavírus. A África do Sul chegou a suspender o início da vacinação com Oxford-AstraZeneca depois de um estudo preliminar da Universidade de Witwatersand, em Joanesburgo, apontar que a vacina oferece "proteção mínima" contra casos leves e moderados causados pela variante que predomina no país.
Segundo virologistas e microbiologistas ouvidos pela BBC News Brasil, a CoronaVac possivelmente terá sua eficácia menos afetada por variantes, embora pesquisas ainda precisem ser concluídas para determinar esse impacto.
A chave para a possível vantagem da vacina sino-brasileira está no material genético que ela utiliza.
A CoronaVac contém o vírus inteiro inativado da Sars-CoV-2, enquanto as demais vacinas injetam no organismo humano genes da spike do coronavírus - como é chamada a proteína que age como ponto de ligação com as células humanas.
O problema é que a mutação E484K, que tanto preocupa os cientistas, ocorre exatamente na spike ou seja, no ponto de ligação entre o vírus e a célula. Esse é o local onde os chamados anticorpos neutralizantes, produzidos pelo sistema imune, se encaixam para impedir a entrada do vírus na célula.
As vacinas que focam na spike apostam na produção desse tipo de anticorpo. É o caso da Oxford-AstraZeneca, Moderna, Pfizer e Novavax. Mas, as variantes de Manaus e África do Sul parecem ser capazes de contornar a ação de anticorpos neutralizantes.
Fonte: BBC NEWS