Os países que apresentam maiores taxas de mortalidade por covid-19 são os que mais têm sofrido com crises econômicas.
Esse é o resultado de 1 estudo feito pelos economistas Aloisio Campelo, Marcel Balassiano e Rodolpho Tobler, do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
A pesquisa, divulgada nessa 3ª feira (21.out.2020) pela Folha de S. Paulo, analisou dados de 12 países: Brasil, EUA, Alemanha, França, Espanha, Itália, Japão, Reino Unido, Canadá, China, Rússia e México.
Juntas, as nações representam cerca de 60% da economia mundial.
Os pesquisadores relacionaram a diferença das projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) de outubro (que incorporam os dados efetivos de atividade divulgados pelos países) e dados anteriores à pandemia.
Cruzaram essa informação com a taxa de mortalidade por milhão de habitantes coletada até 2ª feira (19.out) pelo medidor Worldometers.
Da amostra, a Espanha é o país com maior taxa de mortalidade por covid-19.
É também a nação com maior diferença entre as projeções da taxa de crescimento do PIB.
O país tem 727 mortes por milhão de habitantes e variação de PIB de -14,4%.
México, Reino Unido, França e Itália também apresentam altas taxas de mortalidade e diferenças de mais de 10 pontos percentuais para o crescimento do PIB.
Brasil e Estados Unidos, apesar da alta taxa de mortes por milhão de habitantes, conseguiram uma diferença de crescimento de PIB de magnitude menor.
Segundo os pesquisadores, auxílios emergenciais e pacotes de estímulos econômicos ajudaram os 2 países.
“Brasil e EUA foram países que estimularam bastante as economias, principalmente o próprio consumidor, dando bastante dinheiro para a população, e isso pode ter amenizado essa revisão da taxa, mas ainda há uma correlação positiva entre mortalidade e revisão”, disse Rodolpho Tobler.
De acordo com Marcel Balassiano, Brasil e EUA “são 2 países muito ruins na condução da crise de saúde e vão ter quedas fortes [do PIB], mas que poderiam ser piores”.
Os economistas explicam que a relação não é perfeita, uma vez que outras variáveis tem impacto na economia.
Segundo os pesquisadores, o momento atual apresenta menos incertezas econômicas ao se comparar com o começo da pandemia.
“Em outubro, temos muito menos incertezas do que em julho e muito menos do que em abril”, disse , disse Marcel Balassiano.
“Em junho, a projeção do FMI para o Brasil passou para -9%. Agora, passou para -5,8%. A gente pode dizer que essas projeções de outubro já incorporam muito os dados efetivos e as políticas de estímulo adotadas.”
Segundo o pesquisador, “a partir do 4º trimestre é que a gente vai observar como será a evolução das coisas”.
“Os estímulos foram muito altos, o Brasil gastou muito. A gente tem essa incerteza, sem saber como as economias vão se comportar com o fim dos estímulos”, falou.
Fonte: Poder 360