O doutorando em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Rafael Teixeira desenvolveu um programa que prevê intercorrências em diabéticos com 6 a 8 meses de antecedência e com 96% de precisão.
O software, que usa inteligência artificial, já está sendo testado e passa por aprimoramentos.
Rafael teve a ideia conversando com pessoas do ramo da saúde.
Ele decidiu trabalhar com uma demanda dos planos de saúde que era em lidar melhor com doentes crônicos.
Segundo o pesquisador, esses pacientes sempre pioram e aumentam os gastos, além de terem alta mortalidade.
“Dentre as doenças crônicas fomos trabalhar com a diabete porque, além de ser o maior grupo de doentes crônicos, o paciente vai piorando devagar e existem evidências dessa piora”, detalhou.
Professor orientador do Rafael, Anderson Soares conta que o projeto é inovador justamente porque prevê com precisão os próximos “passos” da doença no paciente.
“Eu acredito que esse é um dos poucos exemplos em que a maquina realmente consegue superar o desempenho do ser humano, porque mesmo um médico muito especializado, não conseguiria fazer as previsões dessa forma”, avaliou.
Anderson contou que o projeto foi apresentado recentemente como destaque de inovação no Canadá e no próximo dia 18 de maio, ele dará uma palestra, em Goiânia, sobre o assunto no evento de tecnologia e inovação à saúde, Hint One Experience.
Pesquisa
Rafael precisou desenvolver uma forma de fazer essas previsões sem ter acesso aos dados clínicos de cada paciente, como resultados de exames, taxas, entre outros dados.
O problema é que essas informações costumam ser privadas, nunca estão em um lugar só – quase sempre em hospitais e clínicas diferentes –, quase nunca são digitalizados e, quando são, quase sempre ficam salvas em formatos diferentes.
Diante disso, ele conseguiu fazer com que o programa previsse as pioras no quadro com base só nos pedidos de exames feitos pelos médicos e que ficam concentradas nos planos de saúde.
Nos primeiros 5 meses de pesquisa, ele trabalhou com casos passados, ou seja, ele dava ao programa dados de pedidos de exames do paciente já sabendo o que havia acontecido e via que a máquina mostrava as previsões corretas.
Já na segunda fase da pesquisa ele conseguiu dados de 140 pacientes, o programa fez previsões sobre quais pioras eles teriam e, seis meses depois, elas se concretizaram em mais de 90% dos casos.
Ou seja, aqueles que sofreriam infarto nesse período de fato enfartaram, os que o software previu que desenvolveriam problemas renais também passaram tiveram essa piora, entre outros casos.
Do grupo de pessoas analisadas, 20 morreram no período.
O que fazer com a previsão
O professor Anderson Soares contou que ainda é delicado saber lidar com essa previsão de forma adequada na hora de informar o paciente.
A proposta é que, com a informação dada pelo programa, o plano de saúde tome ações específicas para ajudar a prevenir a o quadro previsto.
“O plano liga para a pessoa, a convida para participar de um programa de atenção à saúde, no qual são feitos exames detalhados para confirmar aquele diagnostico previsto e, a partir disso, você tem profissionais especializados naquela condição prevista para tratar o quadro”, completou.
Fonte: G1 Goiás (com adaptações)