Uma equipe de cientistas informou nesta quarta-feira (23) ter desenvolvido uma pílula anticoncepcional masculina que demonstrou ser 99% eficaz em camundongos sem provocar efeitos colaterais. Os testes em humanos poderão iniciar até o final do ano.
As descobertas sobre este contraceptivo serão apresentados na reunião de primavera da American Chemical Society e representam um marco na oferta de métodos de controle de natalidade e responsabilidades para os homens.
Desde que a pílula anticoncepcional para mulheres foi aprovada na década de 1960, os pesquisadores têm interesse em desenvolver seu equivalente masculino.
"Vários estudos mostram que os homens estão interessados em compartilhar a responsabilidade contraceptiva com suas parceiras", afirmou à AFP o doutor Abdullah Al Noman, graduado da Universidade de Minnesota, encarregado de apresentar a pesquisa. Mas até agora, apenas preservativos e a vasectomia estão entre os métodos eficazes disponíveis para os homens.
No caso da vasectomia, a cirurgia reversível é cara e nem sempre bem-sucedida.
A pílula feminina usa hormônios para alterar o ciclo menstrual, e os esforços históricos para desenvolver um equivalente masculino se concentraram no hormônio da testosterona.
O problema com essa abordagem, no entanto, é que ela tem efeitos colaterais como ganho de peso, depressão e aumento dos níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o que aumenta o risco de doença cardíaca.
A pílula feminina também traz efeitos colaterais, incluindo riscos de coagulação do sangue, mas diante da possibilidade de engravidar na ausência de um método contraceptivo, o cálculo do risco é diferente.
Cinco anos para comercialização?
Quando administrado oralmente a camundongos por quatro semanas, o YCT529 reduziu drasticamente a contagem de espermatozoides do animal e foi 99% eficaz na prevenção da gravidez sem efeitos adversos observáveis.
Os camundongos recuperaram a fertilidade 4 a 6 semanas após a interrupção do medicamento.
A equipe de pesquisa, que recebeu financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde e da Iniciativa de Contracepção Masculina, trabalha com uma empresa chamada YourChoice Therapeutics para iniciar testes em humanos no terceiro ou quarto trimestre de 2022.
"Estou otimista de que avançaremos rapidamente", disse a professora Gunda Georg, que acredita que seu medicamento poderá ser comercializado em até 5 anos.
G1